13 Comentários
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Avatar de colibri

Que escrita calorosa, nunca havia pensado na poesia que o simples estender de roupas carrega. Talvez seja isso, a poesia na simplicidade da vida. “A pressa de curar machuca mais do que a própria ferida” isso me atravessou no melhor momento, onde me encontro desesperado pelo processo de cura e renovação. Me vejo ansioso com a ideia de como serei quando tudo for novo, minha face, meu corpo, e quem sabe consiga expor minha alma sem medo do que ainda pinga e talvez, sempre pingará. Me identifico naquele trecho que me lembra um a escrita de Conceição Evaristo onde você diz guardar as roupas molhadas, mesmo sabendo que irão mofar. Pela pressa, o anseio para que processos lentos ocorram com rapidez. Num mundo de lava e seca, apreciar o tempo é um ato poético.

Tudo o que retorna vem diferente, e se não retorna abre espaço para o novo. Vou me lembrar disso.

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Avatar de Bordas da Alma

Colibri, essa imagem da alma que ainda pinga... é tão real. Talvez algumas partes da gente nunca sequem por completo, e tudo bem. Às vezes, o que pinga é exatamente o que nos mantém vivos, sensíveis, disponíveis.

E sim, viver no tempo da lava e seca nos rouba o milagre do sol, do vento, da espera. Agradeço profundamente por você me lembrar que há poesia também no que demora, no que insiste em ficar úmido, mesmo quando tudo à volta quer pressa. Obrigada pelo comentário.

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Avatar de Wilma K.

Que delícia de texto para ser apreciado numa manhã sem pressa…

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Avatar de Bordas da Alma

ai, Wilma… que alegria saber que me leu assim, com a manhã fria pedindo mais coberta e menos pressa.

esse texto nasceu mesmo pra ser lido com uma xícara quente nas mãos e o corpo meio enrolado no silêncio.

no fundo, acho que escrever é isso: tentar aquecer alguém do outro lado com palavras estendidas como cobertores no varal.

obrigado por se cobrir com as minhas

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Avatar de Denise Azevedo

Só agora tive tempo pra me dedicar ao seu texto… e uau!

Li como quem lê a si mesmo, sabe? Fui reconhecendo meus próprios varais internos, as roupas ainda pingando, as que já desbotaram, as que eu nem sei mais se têm conserto - mas tão lá.

E te confesso… também tenho esse medo de pendurar a alma no varal. Vai que alguém vê. Vai que alguém toca justo onde ainda dói. Mas, ao mesmo tempo, que outra opção existe além de confiar que o vento sabe o que faz?

Te ler foi meio que abrir a janela e deixar esse vento entrar aqui também. Obrigada por isso. Fez balançar umas coisas dentro, ajeitar outras.

Seguimos, né? Cada um cuidando do seu varal, no tempo que dá, do jeito que dá.

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Avatar de Bordas da Alma

Denise, é exatamente isso: o medo de pendurar a alma no varal e alguém espiar justo onde ainda sangra. mas também… que graça tem a escrita se ela não ventila o que a gente guarda demais?

saber que do outro lado da janela tem alguém, sentindo o mesmo vento, me dá coragem de continuar escrevendo.

e sim, seguimos. com cuidado, com doçura, com aquele jeitinho desajeitado de quem só quer secar as roupas da alma no sol da partilha.

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Avatar de Juliana Cândida  de Oliveira

Eu amei esse texto, me vi em cada trecho. Obrigado por compartilhar conosco o seu infinito particular.

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Avatar de Bordas da Alma

Juliana, que alegria saber que meu infinito encontrou espelho no seu.

Talvez seja isso que mais me comove na escrita: quando o que é tão íntimo vira lugar de encontro. Obrigado por ler com o coração aberto, e por se reconhecer entre as entrelinhas.

Se o Bordas da Alma tocou algo em você, fica.

A casa é sua também.

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Avatar de Juliana Cândida  de Oliveira

Também é sobre isso , a escrita como espelho, reflexo das nossas humanidades. E é por meio dela que não nos sentimos sozinhos , pois reconhecemos no encontro com a autoria e a palavra , alguém também já esteve ou está onde me encontro / encontrei um dia. Muito obrigado, Bordas . Irei ficar por aqui sim !

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Avatar de Euridice Rocha Coni

Bordas dessa vez o estômago apertou porque sim, estava ao seu lado estendendo as roupas no varal, mas querendo conversar, bater papo enquanto estendemos as roupas, vemos se ficaram limpas, ainda damos uma boa batida no ar para esticar. E depois de um suspiro o coração diz: que o vento leve a você na próxima roupas molhada um grande abraço no coração ❤️

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Avatar de Bordas da Alma

Euridice, que imagem tão viva e delicada você trouxe, o simples gesto de estender roupas se transforma em diálogo silencioso entre corpos e afetos. O vento, com sua leveza invisível, carrega esse abraço que atravessa distâncias e aquece o coração. Obrigado por compartilhar essa presença tão sensível, tão bordada de afeto e cuidado. Que a vida sempre sopre ventos suaves para todos nós.

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Avatar de vernissage

seus textos estão cada vez mais incríveis, bordas!!!

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Avatar de Bordas da Alma

Vernissage, sua fala aquece a escrita e me inspira a ir além, a desvendar sempre novas bordas do que pulsa por dentro. Que sigamos juntos nesse caminho de palavra viva e alma exposta. Obrigado por esse abraço em forma de comentário.

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