Se eu andasse como quem não quer nada, talvez tropeçasse em Deus… ou em mim mesmo. Talvez me encontrasse, no meio da rua, um pedaço rasgado do sentido das coisas. Ou talvez não. Talvez eu apenas andasse. E isso fosse tudo. Talvez… fosse só terça-feira. Ficar? Partir? As estações continuam passando. O céu troca de cor como quem veste outra roupa, sem se importar com a minha opinião. E eu aqui, esperando que algo me interrompa. De manhã, às vezes, a luz parece um consolo. O peito da mãe se abrindo pra me alimentar. Não pergunta nada. Só acolhe. Morno. Mas à noite… à noite o céu fecha os olhos e esquece que eu existo. Tudo morre um pouco: os sonhos, os gestos, os amores e o que eu nunca cheguei a ser. O que resta? Uma máquina cansada. Parafusos frouxos. Coração enferrujado. E essa vontade estúpida de continuar vivendo. Sou o ruído entre duas frases. Sou eu. E isso me basta para sofrer.
Conta pra mim: qual é o seu ruído entre duas frases hoje?
Vamos ouvir o que o silêncio tem a dizer.
Nesse exato momento o ruído é o tique taque do relógio absorvendo o silêncio da sala na madrugada após ler teu poema.
acho lindo ver poesias como essa, que não se resumem a frases prontas e dramáticas, mas que são subjetivas, te fazem pensar e esforçar-se para entender. Meu ruído entre as frases é o dilema entre o sonho e as obrigações.